Monday, June 10, 2013

Valorização e promoção do património da periferia de Guimarães

Ponte do Arco (Serzedo)
Seguindo os princípios que orientam este blog, foi recentemente apresentada uma proposta ao Orçamento Participativo da Câmara Municipal de Guimarães, no domínio da cultura e do turismo, intitulada "Guimarães não é só centro histórico: valorização e promoção do património da periferia". A proposta defende a valorização turística do património das freguesias exteriores ao casco urbano de Guimarães, que, salvo algumas exceções, são esquecidas pelas entidades que promovem o turismo em Guimarães. Há muitos locais de interesse no concelho que não estão facilmente acessíveis a potenciais interessados e que não têm promoção nos canais de divulgação orientados ao público em geral.

Pretende-se alterar esta situação através de um conjunto de ações que dêem maior visibilidade a tantos pontos de interesse em todo o concelho e, assim, trazer também benefícios económicos à população vimaranense, fazendo com que os turistas não concentrem o consumo apenas na cidade e fazendo com que permaneçam mais tempo (ou voltem mais vezes).

A proposta, que pode ser consultada aqui, foi aceite para a fase de votação. Caso considere a proposta merecedora da sua aprovação, siga as instruções abaixo para proceder ao voto na mesma:

  1. Efetuar aqui o registo na plataforma do Orçamento Participativo de Guimarães (tem de ter mais de 18 anos e residir, trabalhar, estudar, ou ter nascido no concelho de Guimarães).
  2. Autenticar-se aqui com os dados indicados no registo.
  3. Aceder aqui à proposta.
  4. No final da página, irá encontrar um botão "Votar", o qual deverá pressionar para concluir o processo.

Note que tem apenas até ao dia 30 de junho para o fazer! Guimarães agradece!

Thursday, August 25, 2011

Expedição aos Maragoutos

Após os dois passeios anteriores, em que se descobriram por acaso dois marcos geodésicos no topo de dois montes incógnitos, renasceu uma paixão por um projeto há muito arrumado no fundo de uma gaveta: visitar todos os picos das montanhas de Portugal. Por "montanha" entenda-se qualquer elevação que se destaque relativamente à área circundante. Tanto pode ser um pequeno monte com poucas centenas de metros de altitude como os quase 2000m da Serra da Estrela. O que interessa é pisar um cume, desfrutar da vista e respirar ar puro!

Então, recolhi informação sobre todas as montanhas de Portugal: várias dezenas de picos, ordenados por altitude e distância de Guimarães. De seguida, abri o Google Earth e pus-me a "passear" pelos montes da vizinhança, tendo notado uma zona particularmente interessante, quando vista do céu. Trata-se da cumeeira dos Maragoutos, na zona de Revinhade, em Felgueiras, na zona de fronteira com dois concelhos vizinhos: Vizela e Lousada. Pelas fotos do Panoramio, vi tratar-se de um local especial, com vistas espetaculares sobre o vale do Vizela. Além disso, também tem um marco geodésico! Ocorreu então um clique na minha mente: "E se eu também visitasse todos os marcos geodésicos que pudesse e colecionasse fotos das visitas? Vai dar certamente um álbum interessante, vai coincidir muitas vezes com os picos mais altos da zona, vamos ter muitos passeios surpreendentes e, quem sabe, até resulta disto tudo outra coisa qualquer...". Pesquisei informação sobre a Rede Geodésica Nacional e descobri um ficheiro do Google Earth com... todos os vértices geodésicos do país! Perfeito! Recolhi as coordenadas dos vértices mais próximos de casa e decidi começar então pelos Maragoutos!

Mas não me fiquei por aqui. Mais umas pesquisas e umas leituras e eis que me surge outra razão para partir à descoberta: o esquecido geocaching. Já tinha ouvido falar do jogo há uns anos, mas nunca tinha aderido por não ter equipamento GPS. Agora que tenho equipamento e boas razões para explorar a natureza regularmente, toca a participar! Curiosamente, há duas geocaches no Monte dos Maragoutos! Estava então oficialmente dado o tiro de partida para três projetos com muito em comum!


Coordenadas GPS: 41°20'36.89"N 8°16'43.25"W (marco geodésico do Maninho)

Monday, August 22, 2011

São Miguel-o-Anjo em cinzas

Na anterior expedição aos montes de Airão São João, quando passava por Vermil, intrigou-me uma indicação para um suposto "Castro". Após algumas pesquisas, descobri que efetivamente há vestígios de um castro pré-romano no monte de S. Miguel-o-Anjo em Vermil. Ora, é mesmo disso que eu gosto: monte + castro = bons momentos de exploração.

Desta vez, a Sílvia não me acompanhou com o mesmo entusiasmo. A experiência anterior foi um pouco cansativa e atribulada, mas acabei por convencê-la de que haveria de certeza lugar a alguma aventura e o nome do monte é sempre interessante para os mais novos.

Chegados ao monte de S. Miguel-o-Anjo, encontrámos um cenário desolador: um enorme incêndio tinha consumido toda a floresta circundante poucos dias antes. Havia mesmo fumo a emanar ainda de alguns pontos. Apenas a capela de S. Miguel escapou ao fogo. À nossa volta, apenas víamos duas cores: o castanho dos eucaliptos secos e o preto das cinzas. Não é propriamente feio, mas impressiona e é algo sinistro. Decidimos apesar de tudo avançar para a exploração da área, tentando encontrar o tal castro.

A verdade é que não há quaisquer indicações nem vestígios óbvios do castro. Só um amador ou um especialista em construções pré-romanas vislumbraria esses vestígios, o que pode desiludir potenciais interessados que se deslocam ao local. As autoridades locais deveriam corrigir esta lacuna, colocando pelo menos um painel informativo ao lado da capela.

Durante a caminhada pelas cinzas da floresta, encontrámos um marco geodésico - o segundo numa semana - que perdeu totalmente a sua função, pois encontra-se oculto pelos altos eucaliptos. E foi neste momento que despertou o meu interesse em descobrir outros marcos na região: se num espaço de poucos quilómetros encontrei dois marcos, então deve haver dezenas à volta de Guimarães, e todos eles em locais elevados e potencialmente interessantes! Viria mais tarde aprender um pouco mais sobre a Rede Geodésica Nacional e confirmar que existem cerca de 5000 marcos em Portugal Continental!

Antes de partirmos, tivemos finalmente sucesso na nossa busca: encontrámos no chão coberto de folhas e cinzas, aquilo que me pareceu ser, com elevada probabilidade, os vestígios de uma construção pré-romana, com muitas pedras agregadas num círculo, semelhante à base de uma habitação. Wishful thinking?

Monday, August 15, 2011

Pelas pedras de Airão

No percurso que faço quase diariamente entre Guimarães e Braga, avisto, no cimo de um monte calvo a poente de Leitões, umas formas brancas, feitas pelo homem. Como estão longe e eu vou sempre cheio de pressa, nunca consegui perceber do que se trata. Andava intrigado há imenso tempo. Então, num dia de férias, abri o Google Earth e decidi explorar aquela zona, para tentar perceber do que se tratava. Vêem-se muitas pedreiras, mas também uma área extensa sem vegetação e com muito penedal. Hmm.. É mesmo do que eu gosto de ver no cimo dos montes. Convenci a Sílvia a acompanhar-me numa bela tarde de férias, e lá fomos à aventura.

Vamos pela nacional Guimarães - Famalicão e, pouco depois de Brito, viramos em direcção a Airão Santa Maria. Passamos por Vermil, Airão Santa Maria e começamos a subida para os ditos montes. Até que chegamos a Airão São João. Pausa para re-localizar com a ajuda do GPS. Hmm... Deve ser aqui à direita. Após alguns quilómetros, encontramos a estrada barrada: uma empresa de extração de pedra assenhorou-se da via! Incrédulos, voltamos para trás. Poucos metros depois, decido enveredar por um caminho de terra, a ver onde nos leva. E lá fomos, pelo meio do pó e passando por estranhos indivíduos que ouviam rádio nos seus carros no meio do monte. Finalmente, fomos recompensados. Chegamos exatamente ao local pretendido! Estacionar é fácil, com tanto espaço. O calor aperta, mas o entusiasmo é tanto que vamos a passos largos até à primeira elevação, mesmo à nossa frente. A poucos metros do cume, primeira surpresa: no meio dos penedos, está erigido um marco alto e estreito, em pedra, que mais se parece com um obelisco... Utilidade? Significado? É um mistério. Aproveitamos para lanchar e para brincar às princesas e aos dragões com a Sílvia.

Dali, vê-se, atrás de um bosque, mais uma elevação, que parece mais alta do que aquela onde nos encontramos. Atravessamos o denso arvoredo e chegamos à base da colina. Lá em cima, avista-se um marco geodésico. A subida foi custosa, mas as vistas que se tem do cume valem o esforço: de um lado, o vale do Ave e ao fundo o maciço da Penha; do outro, o vale do Este e o Sameiro. Mais um pequeno lanche e mais umas fantasias com a Sílvia e, pronto, já são horas de ir para casa!

Vim a saber dias depois o nome do marco geodésico e, provavelmente, do monte que pisámos: Penedice. é verdade: era mesmo uma penedice sem fim :-) E pelos vistos, sem o saber, num raio de poucas dezenas de metros, andámos a saltitar entre freguesias e entre concelhos: Airão São João, Oleiros, Leitões (Guimarães) e Escudeiros (Braga)!

Coordenadas: 41° 28' 35.65" N 8° 24' 45.08" W
Referência do marco geodésico: Penedice 466.53

De volta!

Mais de um ano depois, volto a escrever neste blog, pelo qual nutro um especial carinho, mas ao qual não pude dar o que devia por falta de capacidade. Escrever bem e fazê-lo de forma interessante, ainda por cima em inglês, não é tarefa fácil! Decidi baixar a fasquia: vou tentar escrever bem, não vou ter a pretensão de ter algo interessante para dizer, e vou fazê-lo na língua materna! Ufa! Que alívio! O objetivo continua a ser o mesmo: divulgar locais menos conhecidos onde por vezes se revelam grandes surpresas. Irei também aproveitar para criar uma coleção de artigos sobre a rede geodésica nacional, um passatempo que descobri por acaso nas férias de agosto. Aqui e ali, teremos também umas notas sobre geocaching... Comentários serão sempre bem-vindos e aceitam-se colaboradores!

Monday, June 7, 2010

Penacova, Felgueiras

Halfway between Guimarães and Felgueiras, the Vizela river digs a valley between Penha/São Bento hills, at the right margin, and Penacova/Barrosas hills, at the left. All these hills have plenty of old granitic rocks of several forms and sizes, scattered around the slopes and ridges. Not surprisingly, the toponymy of several places and villages in the area is associated to rocks: Penha, Lapinha, Penacova... The people that have inhabited the western regions of the Iberian Peninsula in pre-history are known by their cult to these sacred, mysterious rocks. Throughout the centuries, this cult has evolved and merged with the catholic tradition. Nowadays, although the original cult was forgotten, these magical places still attract many faithful locals to the several sanctuaries that were erected at the top of the hills.

One of these sanctuaries - known as Senhor dos Perdidos (Lord of the Stray) - is located at Penacova, Felgueiras. The little sanctuary, sheltered between eucalyptus woods, has a nice leisure spot outside, with several tables and benches. The area around the sanctuary is crossed by several tracks zigzagging between rocks and trees. The entire hill ridge has lovely views over the surrounding hills and valleys, but it is only near a solitary, majestic oak tree that you can get the best views. The evening light on the northern slope seems to shine more than in other places and plunges the homes and landscapes in a golden hue.

While we were walking by the hill tracks, we met an elderly but very well preserved man, Mr. Pereira, which prefers to give its fair value to a smooth ride instead of spending his time at home or at the café. After inquiring him about some marks we found carved on the stones, he told us the story of the treasure of Penacova. By early September 1972, when a farmer was leveling his land with a bulldozer, he found out dozens of very old silver coins that soon attracted the curiosity of local inhabitants. That location had long been known as a spot where the remains of a small fort could be found, mostly buried walls and ceramic fragments. Spread the news, those silver coins were eagerly sought and bought by various collectors and curious others, which led to the dismemberment of the set and led the national authorities to intervene in order to gather the treasure. Eventually, only sixty coins were gathered. More than half of the coins age around the Augustus period, highlighting the abundance of Tiberian wealth in this region. Some rare copies of Gaius and Claudius I coins were also discovered.

Almost fourty years after that discovery, there are still many treasures to uncover at Penacova. Just keep your eyes and soul wide open and you'll feel the magic that people have been here looking for throughout the centuries. Well, even if you don't feel any magic, you just have to dig under the earth, were you will likely find some more tangible riches.

Penacova coordinates: 41.364764, -8.24789

Friday, May 7, 2010

Ponte do Arco (Ark Bridge), Vila Fria, Felgueiras



The Vizela valley - a 45km long river that crosses part of the Minho region, from Fafe to Santo Tirso -, hides some beautiful and culturally rich places, like Ponte do Arco (Ark Bridge), located at Vila Fria, Felgueiras. This bridge was built during the roman empire, about two thousand years ago, re-built in the Middle Age, and was hopefully kept in good shape throughout the centuries.

Ponte do Arco is part of the roman road from Bracara Augusta (Braga) to Emerita Augusta (Mérida). You can still walk over a short segment of the original roman road only a few meters away from the bridge. Still close to the bridge, there is a beautiful watermill in good condition and the ruins of an old asylum which was in the past a hostel where pilgrims heading to Santiago de Compostela stopped to recover their strengths.

All the scenery around the bridge provides you moments of relaxation and reflection. You barely find someone else visiting this spot, so you can as well fully enjoy the sound of the flowing waters, flying bees, and singing birds.

If you walk by the margin of the river in April or May, you'll see a wonderful show of flowered fields, where children (and why not yourself) will certainly want to run and roll on! Some hundreds meters away, you'll first find a beautiful, picturesque village - Aldeia do Burgo -, classified as Aldeia de Portugal (historical villages of Portugal). Not far from Aldeia do Burgo, you'll cross the ruins of another village - Talhós. This village carries a mysterious aura: its ruins, its surrounding scenery and the heavy silence stimulate your adrenaline. But don't run away! There are lots of blackberries hanging on the walls siding the road. And they're delicious! They make a wonderful dessert for this pleasant stay at Vila Fria.

Ponte do Arco coordinates: 41.39449, -8.23061