No percurso que faço quase diariamente entre Guimarães e Braga, avisto, no cimo de um monte calvo a poente de Leitões, umas formas brancas, feitas pelo homem. Como estão longe e eu vou sempre cheio de pressa, nunca consegui perceber do que se trata. Andava intrigado há imenso tempo. Então, num dia de férias, abri o Google Earth e decidi explorar aquela zona, para tentar perceber do que se tratava. Vêem-se muitas pedreiras, mas também uma área extensa sem vegetação e com muito penedal. Hmm.. É mesmo do que eu gosto de ver no cimo dos montes. Convenci a Sílvia a acompanhar-me numa bela tarde de férias, e lá fomos à aventura.
Vamos pela nacional Guimarães - Famalicão e, pouco depois de Brito, viramos em direcção a Airão Santa Maria. Passamos por Vermil, Airão Santa Maria e começamos a subida para os ditos montes. Até que chegamos a Airão São João. Pausa para re-localizar com a ajuda do GPS. Hmm... Deve ser aqui à direita. Após alguns quilómetros, encontramos a estrada barrada: uma empresa de extração de pedra assenhorou-se da via! Incrédulos, voltamos para trás. Poucos metros depois, decido enveredar por um caminho de terra, a ver onde nos leva. E lá fomos, pelo meio do pó e passando por estranhos indivíduos que ouviam rádio nos seus carros no meio do monte. Finalmente, fomos recompensados. Chegamos exatamente ao local pretendido! Estacionar é fácil, com tanto espaço. O calor aperta, mas o entusiasmo é tanto que vamos a passos largos até à primeira elevação, mesmo à nossa frente. A poucos metros do cume, primeira surpresa: no meio dos penedos, está erigido um marco alto e estreito, em pedra, que mais se parece com um obelisco... Utilidade? Significado? É um mistério. Aproveitamos para lanchar e para brincar às princesas e aos dragões com a Sílvia.
Dali, vê-se, atrás de um bosque, mais uma elevação, que parece mais alta do que aquela onde nos encontramos. Atravessamos o denso arvoredo e chegamos à base da colina. Lá em cima, avista-se um marco geodésico. A subida foi custosa, mas as vistas que se tem do cume valem o esforço: de um lado, o vale do Ave e ao fundo o maciço da Penha; do outro, o vale do Este e o Sameiro. Mais um pequeno lanche e mais umas fantasias com a Sílvia e, pronto, já são horas de ir para casa!
Vim a saber dias depois o nome do marco geodésico e, provavelmente, do monte que pisámos: Penedice. é verdade: era mesmo uma penedice sem fim :-) E pelos vistos, sem o saber, num raio de poucas dezenas de metros, andámos a saltitar entre freguesias e entre concelhos: Airão São João, Oleiros, Leitões (Guimarães) e Escudeiros (Braga)!
Coordenadas: 41° 28' 35.65" N 8° 24' 45.08" W
Referência do marco geodésico: Penedice 466.53